quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Ella voa.

cheguei a um estado ou em um estado, jamais sei, jamais soube, jamais... que jamais imaginei, perecebe? hoje mesmo, após suar o corpo na gym, a fim de seguir a lutar pela vida, liguei para a minha mãe... com que propósito? negociar, clamar, suplicar um retorno ao útero, a esfera aquosa, morna e mítica donde todos viemos. não, não dá para voltar. não dá. não caibo mais lá dentro. ela não aguentaria. foi-se o tempo. o tempo dos bichos escrotos. ouço neste instante. bom. bem velho já. o que é velho? não acho velho. acho clássico. clássico é eterno. eterno momento. o que deixa marca. marca que ainda dói. dói tanto, mas tanto que estou louca, afeita a dor. não desejo. sem desejo. o limbo. (...)porque aqui na face da terra só bichos escrotos é o que vai ter(...). vaticínio, né, gentchy? arte. arte antevê. lê o futuro. vai avante. na gym buscava músculos, tanque e colégno. a gym é futilidade pura. defesa social. carcaça. que fica ouriçada. fica abosluta. carne. carne é vermelha. em todo mamífero. em todo réptil, em toda ave. não gosto de ver carne. de ver a matéria oculta pela pele que se vê. fico pasma, assustada ao saber que, sem vida, sou carne vermelha que quando morta vira cinza e fúnebre. argh. que asco tenho da morte. e toda carne passa pelo mesmo. para este mal não há fuga. se bicho fosse, rinoceronte. corpulento, blindado e com seu poderoso e magistral unicórnio. falo vital no meio dos olhos. bicho santo. bicho forte. bicho já cinza por fora. às vezes pergunto-me se não são os bichos mais inteligentes que nós. puro instinto, eles sim interagem em harmonia absoluta com a sacra mãe naturaleza (efeito sonoro). se não fossem por nós tudo seguiria outro ritmo. se não fosse por nós humanos não haveria tanta coisa genial. genial para nós que assim percebemos. tudo é mesmo tão relativo. relativo à vida e à percepção do que significa isso. isso que chamamos de vida. um encanto. uma alucinação. um delírio. um domínio. domínio do sopro da vida. libido. afffff... jamais! volto ao jamais. jamais a gracyanne. besta deformada. senhor, piedade por aqueles que sofrem. sofro. não sofro. pelo grotesco. admiro estupefacta! e observo o homem. que come gracyanne. affffff... agitada, Ella vai até o banheiro, fita-se no espelho, dança um poquinho e flerta consigo. em dois segundos sente-se completamente patética e decadente. busca o cinzeiro atrás do fumo de rolo. acende. traga. deixa para lá. o que que tem? está mesmo exilada. ao menos não devia haver censura ao sul do equador do seu corpo vestido. mas há. há censura o tempo todo. por tudo um pouco. não relaxo. só por uns segundos. não sei. não sei relaxar. minha vida foi tensa, intensa, era adrenalina demais. dopamina de menos, sabe? tornou-se padrão. difícil ser eu e a minha história. procuro vasculhar o caminho de modo a refazê-lo, mas o passado jamais me deixa em paz. que coisa rara. não tenho visto o futuro. diz Ella. diz Ella que vai sair dessa. indaguei: como? Ella respondeu que numa espaço nave. com outro et's como ela rumo ao retorno e tal. e eu ali ouvindo, néan? e Ella lá no planeta dela. inteligente. porque se somos o que cremos ser, então Ella é et. já eu não creio. não creio em mim. ou não consegui crer. já. já entendi o porquê. tudo fez sentido. vi, finalmente a imagem daquele quebra cabeça de 15.000 peças com uma paisagem suíça, sabe? vi a imagem. mas como há mais de 15.000 não sei se tudo será completo, se é possível ou quando. mas já vi e percebi a paisagem suíça do quebra cabeças. o que faz a diferença. a diferença da Ella é que é avessa. sempre foi. avessa ao (mal) dito certo. certo todo feito de erros. sucessivos erros. primários. todos primários. todo atrasado não sai do primário. não. Ella não suporta pink floyd. não tem saco. acha trilha de ficção científica dos anos 70. genial sim. porém datado. é material. não gosto. é valor cultural sim. mas não seu gosto. Ella gosta do passado e do futuro passou a ter medo. o presente ofegante. ofega após tragar sem parar por duas horas. Ella voa. voa pela fumaça que queima, que arde. em brasa. brasa vermelha. carne vermelha. que pulsa o que vê. o que sente. o que chora. e o que não sabe. porque é carne. presa. presa da rã. o marimbondo. pavor de marim.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

un petit secret.

(le bruit des vagues)... Je voudrais savoir le secret du mon chat. J'ai cherché dans vos yeux et j'ai vu la claire de lune. Allors, j'ai reçu ma réponse... Et ça c'est la plus belle poésie. Tes yeux parlent a mon coeur quand ils ne peuvent rien dire.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

para o alto e avante.


Eva e Paola, para vocês:

*Conversas com o ego*.

Ai, Eva!Ai, Paola! Preciso de vocês! Recebi um recado daquela figura oculta essa semana que em outras palavras dizia: abra seus olhos, e tenha toda a atenção com o seu destempero, você pode colocar algumas situações importantes a perderem-se para o todo e o sempre.

O pânico, a angústia e o temor me dominaram. Senti-me fraca, vulnerável e miserável. Senti-me apavorada e sem exageros. Auto-estima ao rés do chão. Vi-me felina selvagem acuada na floresta ao ser, inesperadamente, capturada. O instinto deixou-me em estado de alerta permanente e de tão adrenalinada perdi a paz, o sossego, o sono. Pus-me a chorar e a sofrer e a elucubrar as mais nefastas fantasias sobre tudo aquilo que não existe em um plano concreto.

Esse canal me fez revisitar todas as pendências que cismam em continuar a dominar minha vida. Uma verdadeira sucessão de bads que envolveram, desde questões relacionadas com o meu pai até a minha carreira, e para piorar um pouco, em meio a tão desagradável e aterrorizante tormenta surgiu-me um outro assustador fantasma. O fim de uma verdade. A desconstrução de um pedacinho ainda intocado (as custas de muita dedicação ao ego, isto é: negação total. Isto é: idiotice) do ego. O choque de uma realidade que se revela não mais como sagrada e sim como profana, humana, dúbia e talvez...

É melhor calar-me para que não cometa injustiças. É sempre bom tentar, com afinco, a contenção de dizeres dos quais você pode se arrepender depois. Isto é, vigília constante. E por que¿ Por causa dele, o ego. É com ele que devemos dialogar para que domestiquemos nossos mais defasados instintos, sejam eles cretinos, cruéis, sórdidos, dentre tantos outros adjetivos bem pouco simpáticos. O fato é que nessa família de amarguras e atrocidades existem as mais variadas doenças surgidas pela falta de trato do ego. Moi, possuída por completo por um pensamento que, ufa!, pouco a pouco de desfaz, fui conduzida e obrigada, portanto, a confrontar muitos dos demônios que insisto em não ver e alguns se expurgaram de mim através de conversas absurdamente francas comigo mesma e que revelaram as mais densas e claras escuridões.

Durante tais viagens sombrias é preciso buscar a luz da compreensão desses dizeres tão destrutivos que o ego insiste em nos fazer ouvir com o intuito de nos derrubar. Mas por que o ego faz isso¿ Porque ele tem pânico de morrer. Tem o maior medo do mundo de deixar de ser, estar, ter e existir. Então ele domina ao homem iludindo-o e amarrando-o às mentiras criadas por esse mesmo ego, em uníssono com tantos outros egos, que vibram em franco desalinho. Se somos corpos que vibram energias, sempre provenientes de emoções fluidas ou retidas e de toda ordem, é possível perceber que também somos as mais misteriosas antenas em funcionamento em todo o globo.

O não saber é infinito e é preciso lembrar isso ao ego. É imprescindível educá-lo dizendo-lhe as mais sóbrias verdades da maneira mais humorada, de preferência. Desse modo é possível reverter tamanhas tormentas em incríveis viagens por mundos tão diversos. Ora lúgubres, ora nefastos, ora fantásticos, ora bonitos e harmoniosos e ora (até) divertidos. As projeções do inconsciente revelam de muitas maneiras aquilo que somos ou estamos. E quando somos aquilo que desejamos apenas egoicamente, ou seja, sendo absolutamente egoístas, traçamos, seguramente, os caminhos mais arriscados. É muito comum perder-se dentro de si quando se dá ouvidos em demasia ao ego.

Geralmente a galera que mais pira na vida é aquela que tem a consciência grau 0 do que significa decodificar o ego. O importante mesmo é manter-se atento ao ego, companhia constante, implacável e muito perigosa. Paradoxalmente é ele quem nos dá o apego à vida. A trajetória dos mistérios eternos jamais cessa. Ao contrário, aumenta a medida do tempo. E pelos mesmos mistérios muitos homens se elevam quando consolam-se com as imposições da vida e seguem a admirar seus infindos espetáculos. Não adianta seguir contra ela. É preciso sintonizar-se com sua mais sutil vibração, posto que são emanadas infinitas vibrações. Assim, os dramas, as tragédias, as comédias e a música nos transmitem o tom exato do vibrar que nossas antenas cósmicas estão a captar. É através dos códigos, que nos percebemos em um estado ou em outro, e até mesmo em um ciclo ou outro.

Somos indivíduos interligados por um sistema ainda pouco decifrado, mas os sinais apontam, desde sempre, que há mentes maiores e que têm sempre a nos dizer a partir de signos que se compõem das mais diferentes viagens são entendidos sob as mais diversas interpretações. Vejam os grandes homens da humanidade. De Plutão a Saramago... Quantas diferenças, quantas coisas em comum.

É inevitável, para todos aqueles que desejam transcender os rumos de algumas rotas, já sabidas desnecessárias, a elevação, a sofisticação do ego em uma nova programação adequada para raciocinar a vida a partir de si mesmo. O que importa hoje é a libertação das amarras que pertencem a um tempo outro e que só precisa reviver o passado para recordar que é para frente que se segue. “Para o alto e avante”. Não resta escolha. Exaspero a minha libertação da energia que me impregna hoje e agradeço a ela por me fazer conhecer mais dos mistérios.

Obrigada,

Diana.

obs- em breve: um monólogo com o ego.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

baby, what else can I do?


*hanging onto every heartbeat/ cut copy

Tantas emoções na última semana, Alberta. Nem sei por onde começar. Minha mãe se foi. O chão também. Mas será por pouco tempo. Ela me deu a base necessária para seguir adiante. Ensinou-me a construir novas estradas com coragem e bravura.

Estou devastada, porém confiante de que estarei, em tempo breve, recuperada através do tudo que a minha velhinha semeou em mim por tantos anos lindos. Saudade é uma dor calada. A saudade é muda, e nós ainda assim a escutamos. Cada um de nós só pode ouvir a própria saudade. Saudade é solitária. Saudade é difícil. Não sei se é bom. Às vezes é, né? Acho que sim. Porque há a saudade que me traz o sorriso e a alegria. Há saudade que me faz feliz. Há a saudade que me alimenta e a saudade que me levanta. É verdade. Saudade é assim. É cada hora de um jeito. No momento a minha arde como a minha cabeça que parece prestes a explodir.

Oh, gloriosa Virgem da Conceição (08 de dezembro)! Que eu receba sua força no dia de hoje para ultrapassar mais esse obstáculo: a dor de uma perda natural que deixa no ar os mistérios e as incertezas existenciais. Por sorte não deixou-me o vazio, pois sim a vasta gratidão e o imenso orgulho por tê-la tido como mentora de uma vida que se reinventa, hoje, a partir do seu legado: seu amor, seus ensinamentos, sua força impressionante, sua dedicação e astuta fé na vida. Minha leoa domada. Que os deuses te recebam com toda a alegria que você merece.
Sofro recatada. Acho mais digno.

Sem maior inspiração deixo aqui registrado os resquícios das últimas conversas fúteis com algumas amigas e minha filha nas últimas 48hs.

Diana: - mãe, você já se sentiu uma cachorra?

- de rua e abandonada e escorraçada e que abana o rabo para qualquer um que lhe passa pelo caminho, crente de que haveria alguém piedoso para me acarinhar. Justo nesses momentos esse alguém jamais se manifesta.

Eva: - tia, estou ok, entende? ok é fundamental para acenar a falsa segurança, sem maiores expressões de medos ou constrangimentos.

- ok, Eva. Ok. Nada como estar ok.

Eva: - tia, as gueis são as mulheres so século XXI. Temem tudo na hora do sexo. Temem. Temem tudo.

- eu não temo. Como mulher do século XXI faço apenas o que quero e quando quero.

Eva: - conversando com minhas amigas gueis chego a seguinte conclusão: uma guei comprando equipamentos de chuca é como uma mulher escolhendo a pílula nos anos 70, ou o melhor absorvente nos anos 80. Todo mundo pensa que as gueis só pensam em sexo. Não gosto quando meus amigos são vistos assim. As pessoas não são iguais.

- sou uma mulher livre, dengosa, fogosa, versátil e dona dos meus desejos. As gueis não podem se ater aos prejuízos dessa sociedade doente. As gueis precisam das antigas e boas e eternas referências. Sejamos Tieta. Sejamos nossas donas. Sou dona de mim.

Paola: - tia, eu não penso apenas em sexo. Penso em tantas outras coisas. Sou senhora das minhas vontades e dona de mim. Penso em um corte de cabelo, em roupa, em taças de champa, de pró... Iiiiiii! Tanta coisa...

Diana: - bom, Paola, você reflete bem o que os sujeitos indeterminados de nossa límpida sociedade pensam sobre as gueis. A sociedade é tão machista e nojenta que rejeita a guei que tem atributos femininos em demasia. É como se fosse degradante ser mulher. É inconsciente. Mas ainda é assim. Por isso um homem que reproduz trejeitos estereotipados femininos sofre ainda mais que os outros. Afinal portar características tidas por femininas, nessa sociedade, ainda é algo inferior e alvo de escárnios perversos e ultrajantes. As passivas são motivo de chacota entre as mesmas gueis. É incrível esse ranço maldito. A posição que a mulher ocupa no imaginário dos mediocres é lamentável. Sou mulher e, portanto solidária as gueis. Vive la fete! Nossa! Está se armando um temporal por aqui!

- quisera eu que fosse uma tempestade de amor. Amo temporais. Juro. Amo mesmo. Acho tão Iansã. Uma coisa poder dos ventos e dos raios! Mude e transforme minha vida!

Diana: - sei, mãe. Ô, se sei.

*harmonix/ surfer blood

Chat do facebook:

Alice: - Joana, ouvi Madonna hoje e lembrei tanto de você! Lembra que éramos apaixonadas? Na verdade eu adoro a Madonna até hoje apesar dela ter virado uma velhONNA ridícula e papa feto.

- Olha, não duvido nada, Alice, que ela alugue uma barriga de aluguel para gerar um embrião do sexo masculino e passe a andar de mãos dadas com a grávida sob o argumento de estar apaixonada pelo seu namorado mais jovem: o feto.

Alice: - ai, para, Maria Joana!

Desliguei a porcaria do chat. O iTunes abriu as vendas para o Brasil. Fali. Comprei 100 músicas em meia hora e nesse instante ouço: I got a guy/ Ella Fitzgerald.

- she is my thrill

Diana: - é mãe... We got a guy! Ufa!

Maria Joana.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Armanda



(..) pedia atenção a ela, explanando minha carência, sem pudor algum. às vezes a única solução que temos na vida é nos fazermos de loucas. senão o único método de sobrevivêcia. entender as pessoas está cada vez mais difícil. quando o assunto são os homens o mistério aumenta. a Armanda me contou que está apaixonada por um artista plástico. macho, gostoso, com pegada.ui! inteligente, talentoso e produzindo a todo vapor. como se não bastassem tantas qualidades, ele ainda é carinhoso. fazia dois anos que Armanda comemorava uma vida solteira e equilibrada. o que convenhamos, é um feito na atualidade. Armanda nunca fez o tipo histérica ou deprimida por estar só. ufa! sempre se virou muito bem. uma mulher atípica. em ralidade uma mulher a frente do seu tempo. avant-garde (vanguarda. acho lindo. acho poder). mas, como você muito bem sabe, a paixão, o amor, a atração e outros sentimentos que compõem o universo mítico das relações a dois, é fora do tempo e do espaço. em qualquer era é abstrato sentir. em qualquer tempo é imprevisível lidar com a emoção que não se explica, que não se diz, mas que grita e que arde dentro de cada um (a) de nós. Armanda resistiu. mas os rodeios foram tantos e tão preciosos, que a envolveram. de repente ela passou a pensar nele. esperar por ele. sonhar com ele. foi aí ela se deu conta de que estava enamorada outra vez. acordou com o canto dos passarinhos. sorriu para os bebês em seus carrinhos. comprou flores. sentiu-se linda, encantada. rodopiou na feira ao receber galanteios de gosto duvidoso dos feirantes, que lhe ofertaram morangos e outras frutas de colorido vibrante! sentiu o sabor da vida irradiar seu paladar. O vento parecia lhe acariciar a pele ainda mais macia. cantou no banho. ouviu música alto. sorriu por qualquer coisa e amou ainda mais o mundo e a humanidade. o chocolate também já não era mais importante. fitou-se no espelho e sentiu-se bonita a ponto de agradecer a deus. ela é mesmo linda. preparou um jantar cheio de temperos e sabores envolventes e inebriantes para um encontro especial. à noite trouxe a lua e ... bom, à noite o céu fechou de repente. ficou tudo cinza. a salada secou. o vinho virou vinagre e o cabelo minguou. ele não ligou. nem mesmo para dizer um desculpa qualquer. ai, que triste. mas Armanda não quis se afundar. ficou triste. magoada. sentida. puta. sofridinha. e foi dormir. refletiu sobre essas atitudes dos homens. não entendeu. não tem como entender (tem sim, mas é preciso estudar demais). tudo ficou opaco outra vez. tudo sem graça de novo. a vida sem perfume. sem quase nenhuma graça. um dia, out of the blue, o cara mandou uma mensagem: 'tem alguma coisa para hoje à noite'?. quem mensagem foi essa, gente?! isto é, 'a vagina está disponível'? ficou brava, e sentindo-se como um buraco oco. respondeu-lhe: hoje estou ocupada. ou seja: ficou puta e fechou o parque. vetou a entrada do varão. me perguntou o que eu achava e eu disse: faça-se de louca. mas seja plausível. loucura deve ser dosada. loucura deve ser usada. hoje não deu. amanhã já passou. aja assim. você gosta dele? então dá outra chance. é melhor. para você e para o mundo. nem tanto, nem tão pouco. é melhor assim. de resto só o tempo, (ó deus tempo, seja piedoso!), vai contar. é preciso se permitir sem se rasgar. sabe como? bom, em relação a mim o tempo parece andar com algum defeito. meu timing tem me levado ao passado. ando nostálgica. com saudades das emoções felizes e revigorantes que senti aonde não se pode voltar: no mesmo tempo. espero que ele siga adiante e não mais retrógado, como tem sido para mim nas últimas semanas. tempo, me leva ao futuro feliz? me leva, vai! mereço. ah, e obrigada pelo presente que é eterno. desculpe-me por reclamar tanto. sou humana. às vezes esqueço que tenho o bom dom ao meu lado. beijo. ah, me montei inteira. para ficar em casa. me amo. me fotografei. me (a)creditei: musa. do contrário, néan?...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

petit cadeau.



Ah, Alberta, estou tão, tão... não sei se estou sendo dramática. Estou preocupada com a Diana. #pronto falei. Não é assim que os jovens se expressam hoje em dia? joguinho da velha + palavra chave = hashtags. Apavorada como sou uma cacura por dentro. Adoro essa pontualidade fútil. Ai, ai, não sei a quem a Diana saiu, gente. Tão sofrida. Tão densa. Tão plutoniana. Tão uraniana. Tão saturnina com ela mesma. Ai, coitada. Que coisa. Uma dificuldade para lidar com as adversidades. Sinto-me tão arrasada. A menina está dilacerada, Alberta. Não sei o que dizer a ela, tão talentosa, inteligente, espirituosa. Mas uma burra, uma anta, uma verdadeira toupeira emocional.

Que é isso, Maria Joana?! Você não é sempre tão positiva? Está vendo? Não é fácil mesmo lidar com os entreveros de toda ordem, Maria Joana. Desde quando foi fácil lidar com os nãos? O problema dessa menina é você! Olha, Maria Joana, só não cometo uma atrocidade porque, para a sua sorte, você está do outro lado dessa linha invisível que nos liga a quilômetros de distância (acho ma ra vi lho so . Jamais me cansei de apreciar essa fantasia concreta). Como você chama a menina assim? Que horror! Ainda bem que ando pacificada.

Ah, Alberta, mas... Não sei lidar. Tenho pavor de sofrimento. Não lido bem com isso. Coisa desagradável.

Para agora com esse “ah, Alberta”! Depois eu desligo o telefone na sua cara e você me chama de grosseirona. Eu?! Sou é muito franca, meu amor. No alto de minha vida semi centenária, já desenvolvi alguma sabedoria. Ah, isso me fez lembrar tanto de uma imbecil do meu passado com quem encontrei no início do ano. Uma cretina que, em meio a conversas condizentes com a sua boçalidade, quis me convencer que o tempo é atemporal e que qualquer experiência que tivemos em nossa vã existência é nada frente ao infinito. Ou seja, todos os meus 62 anos de nada me valem frente ao cosmos. Ok, o que são 62 anos em um contexto tão impensável? Mas não me venha dizer que de nada valeram porque não. Não dá. Meu cu, Maria Joana, para esse tipo de colocação fundamentada em argumentos místicos. Não que eu os desqualifique. De modo algum. Mas vindo dela... Ora, me poupe. Aliás, meu cu não! Meu excremento para ela. Pois meu cu tem imenso valor. Eu hein. Mas seguindo adiante, MJ, devo dizer que entendo a Diana, viu? Escutar suas lamúrias faz com que, inevitavelmente, eu revisite meu passado. Afinal, sempre fui uma ansiosa incorrigível como a Diana. Ah, saudades dos tempos d’outrora. Saudades da aurora de minha vida. Ai, que horror! Vamos transmutar essa melancolia. É isso. Bom, mais tarde convidarei a Diana para jantar comigo. Certamente tenho coisas mais interessantes que as suas para dizer a ela.

Ah, Alberta, que coisa, que horror! Muito apavorada! Não precisa vir com 7 (número cabalístico porque estou mística) pedras na mão! O que você diria a ela que eu não poderia dizer?

Primeiramente que não escute a você e suas ladainhas insanas e inoportunas em um momento tão delicado. Lembra, MJ, que chegar aos 34 é uma batalha? Você se lembra bem do quanto conversávamos? Sei que sua memória é bastante defasada pelo uso contínuo de ervas tão naturais, mas concentre-se. Revisite o tempo. Aos 34, éramos ainda jovens, mas já nem tanto. Aos 34 entendemos, cruelmente, a finitude da vida. É visceral. Percebemos o deus tempo de outro modo. Compreendemos o seu peso e o seu valor e a sua importância. O deus tempo é tão poderoso, fascinante e implacável que se torna assustador. Aos 34 queremos resoluções para males já antigos. Desejamos nos livrar dos incômodos remanescentes. Lutamos para deixar para trás aquilo que se arrasta sem mais razão e ainda assim, a nossa vontade não é capaz de concretizar nossos ideais. Mais que isso, há aqueles resquícios que não foram deixados para trás pela simples percepção da realidade que nos desperta sem qualquer pudor. Aos 34 é preciso fazer um balanço da vida para que novas escolhas possam determinar a próxima vida que se inicia aos 40. É um período angustiante. Mais para uns que para outros. Diana é uma romântica incorrigível. Uma sonhadora e uma idealista. Sofre mais um pouco que muitos. Mas pequenas crises existenciais são bem vindas. Não se preocupe tanto. Confie nela. Ela saberá o que fazer. Ao beirar os 34 (3+4=7=número cabalístico=misticismo=adoro) é natural que ela se sinta frustrada por ainda ter que resolver assuntos que julga estarem esgotados. Enquanto há vida, não há fim definitivo. Ela ainda não entendeu que se determinadas questões ainda pulsam no ar em que respira é porque restam fragmentos do passado que necessitam ser trabalhados. Esse papo de passado é um porre, mas é inevitável. É preciso investir em desapego e, portanto é necessário reinventar antigos maus hábitos. Para alguns funciona assim. Para a Diana é um estilo de vida. Mas ela vai se reestruturar. Quantas coisas essa menina já passou. Ela sempre levanta, sempre sai melhor e mais segura ao fim de cada desafio. Convenhamos, o pior deles foi ter sido parida por você.

Ai, que horror, Alberta. Estou preocupada, sou mãe, sou apavorada. Tenha algum respeito e carinho. Diz que me ama.

E o que mais exprime esse meu gesto, que não carinho? Você é uma pândega, MJ. Todos dizemos "eu te amo" e são inúmeras as maneiras de dizer a mesma coisa. É impressionante. Não sei como somos amigas há mais de 30 anos. Aos 59 (mentira. 62) ainda te aturo. Estou fatigada hoje. Pouco inspirada. Não insista em provocações tolas. Vamos desfilar na Vila Isabel? A Gabi Miracle enviou o email com as coordenadas para que desfilemos na ala que ela representa. Estou animadíssima, só que não, sabe? Tal como direi a Diana, é preciso balançar a tristeza, meu amor. Tem acompanhado o noticiário? Nojo do Sérgio (Cabral). Precisamos discorrer sobre esse ponto em breve. Ganhei um chá de coca da Ortega Flores e estou a-pai-xo-na-da. Frescor dos mais altos picos bolivianos. Uma delícia. Ah, Maria Joana, começo a escutar uma canção que me parece muitíssimo apropriada ao momento da Diana. Vou enviar a ela esse petit cadeau:

“(...)mon dieu que c'est moche, c'est ennuyeux. tu t'es joué de moi. Mon dieu que c'est cloche de se dire adieu et paris est si froid. mon dieu si tu existes même un peu. ramène-moi. mon aquarelliste si vaniteux qui ne peignait que moi, même si le temps passe je n'oublie pas: le samba de jours avec toi, le samba de mon coeur qui bat”.

Que linda essa música. Irônica. Acho que vai cair bem. Vou convidá-la para um vinho. Deixe-a em minhas mãos e devolverei sua joia polida e ainda mais reluzente. Adooooro ( é tudo o que eles dizem hoje. É como vírgula). Lamento por não ter ido além. Mercúrio deve andar retrógado ou em vias de. C’est ça pour aujourd’hui. Pouco profunda. Bastante otimista (ainda que você acredite no contrário). Como sempre. Não é possível nos entregarmos às tragédias pessoais. O pensamento é o condutor mais poderoso de todas as nossas energias vitais. Com isso, direi a Diana o seguinte: sofra, chore, sinta-se péssima. Por pouco tempo. Reaja, repense, resista ao lado negro da força. Seja combativa. O mundo acaba inúmeras vezes na vida, mas a gente sobrevive; Descarregue suas dores e compreenda suas razões. É assim. Os ciclos não cessam e tampouco a luta. Não há gozo mais esplêndido que o provocado pela superação. Diana sabe bem disso. Basta seguir. Ela conhece o ensinamento. Soube usá-lo por instinto outras vezes. Isso prova minha teoria de que a sua força é inerente a sua essência. Nos falamos.

Alberta.

Obs- Escuto ao fim desse email “satisfy my soul (bob marley)” e aos 59 (mentira. 62) sinto-me uma menina de 20 em Trancoso, pela primeira vez. Ai, ai. Calor que provoca arrepio.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

eu e a besta.



É.

‘Vou sobrevivendo sem um (e sim com centenas de arranhões) arranhão, da caridade (sequer isso) de quem me detesta'.

Um luto é sempre plural. Sempre. Um merda nunca é sozinha. Impressionante, não? Sempre vem acompanhada. O luto comumente faz a cova dos desesperos mal enterrados ser escancarada e então aquele cheiro de vala, que nos lembra que a merda é mesmo plural, sobe e se espalha sem piedade. Não tem jeito. Basta uma mortezinha para que um motim de assombrações entre em festa! É. Foda.

Mais difícil ainda é ter que lidar com a constatação de que encontrar um tempo para sofrer em paz é mera utopia. Seria luxuoso demais para uma ordinária como eu, tão frágil como todos os reles mortais. Perdi mais uma batalha e já preciso estar a postos para a próxima que se faz, sempre, do confronto com a derrota mais recente. Foda. Fodinha.

Restou-me a esperança. Geralmente ela tomba das minhas mãos quando mais preciso.

Sonho/ pesadelo:

Uma sede voraz abate minha alma. Agonizo por necessidade d'água. Rogo por socorro. Estou completamente exaurida. A insanidade torna-se meu exílio. Minha rspiração ofegante traduz o desejo pelo último copo d'água. O sol arde em brasa, sem dó, sobre meu corpo que definha e sequer é capaz de suar. Enxergo um vulto. Sinto um calor a abrandar minha alva tez. Uma minúscula sombra me conforta. Um nobre inseto acaricia minha pele ao pousar em mim. Agradeço, emocionada, tamanha compaixão. Ensaio um sorriso. Minha tentativa é frustrada. Faltou-me força. Um vulto humano se aproxima. Não reconheço aquela voz que brada: - água! Um pequeno copo de plástico surge diante de minha prejudicada visão. Alguém tenta me levantar. Meus ossos doem demais. Ajudam-me, em vão, a conduzir aquele único resto d'água à minha boca. O copo arrebenta. Sinto um pouco d'água a escorrer sobre minha pele que absorve o líquido pelos poros enquanto respiro ofegante um choro que não vinga. Não há mais nenhuma gota d'água e sem a água não nasce a lágrima. Derrota e dor. Minha língua gruda em minha garganta e deixo de respirar.

Desperto sufocada. Que alívio.

Curioso como o dia de ontem me fez revisitar um tempo tão outro. Um tempo em que, exatamente no mesmo dia do mesmo mês, as coisas pareceram dar muito errado. Recordar foi precioso. Pois foi depois daquele horror, há 6 anos, que renasci para o agora.
Resolvi regar com o pranto a minha força. Levantei-me, tarde, sem preocupar-me com atrasos e afins. A única coisa que realmente importou foram as músicas que me serviram como mantras. Refugio-me no universo inefável. Ponto de encontro crucial.

Falta-me inspiração para dizer mais. Tudo bem. Pouco é o suficiente. Um simples desabafo composto de metáforas duvidosas me caem bem. Foi somente mais uma dor. Só mais uma. Nada demais. Nada além disso.

Perdi uma batalha, mas jamais a guerra. Sigo adiante no caminho. É do meu andar que o refaço. É disso que me vale a existência e continuo, formosa e fagueira, a balançar meu corpo, ainda distante (ufa!) de sua dernière danse. Uh lá lá!

Olho o mundo lá fora pela janela. Fito a vida em movimento. Como eu gosto disso. Sinto imenso desejo de voar para o meu ninho. Meu ninho é o meu mundo e esse mundo é o nosso. Todo ele. Não há fronteiras. Os caminhos são todos. O caminho é aquele que eu tomar. É simples (mentira). Basta seguir em frente. O espaço tem amplitude infinita (magia) e devo ir apenas a qualquer lugar e, ainda, a tantos outros. Para que me preocupar mais? O tudo é sempre o incerto. O incerto é sempre o caminho. Preste bem atenção.

Carrego comigo uma besta pela estrada. Tudo bem. Ela sou eu. Somos dupla, afinal. Precisamos uma da outra. Somos una. A besta e eu. Somos duo a remar contra a maré. Coisa comum às bestas como nós. Sou uma iludida e quando me reconheço sou mais contente. Não me basto se não sonho. O sonho é o meu estilo e tá tudo bem. Assim.

Obrigada.

Diana.