terça-feira, 18 de maio de 2010

Ìrì àìmò





banzo. Sinto banzo da delicadeza que imagino ter havido outrora. Sinto banzo da doçura da tenra infância. Banzo dos remotos primórdios em que sobreviver exigia mais comunhão com a vida em sua máxima expressão, a natureza. Sinto banzo das líguas que não falo, das culturas que conheço por intermédio da literatura. Assim como dos registros de vidas que tornam-se eternas e não perecem jamais, por suas letras exprimidas em papéis. Infindas folhas que contam, como as gotas de orvalho, que a sensatez da calma e da lentidão dos processos vitais é o que traz conotação onírica e vivaz ao espetáculo do divino Eterno. As histórias sem fim compõem o terrível mistério sobre-humano à compreesão dos reles mortais como eu. Como você. Como nós. Como as nozes que desfrutamos. Como o alimento que sorvemos agoniados, aspirando a vitalidade infindável que nos aprisiona e por vezes escraviza na batalha contra um tempo Senhor dos segredos que não se revelam pela simples vontade. Apenas é possível percebê-los sentindo-os e entregando-se a convicção de que não há cultura que possa dissolvê-la em palavras que não têm a potência de definir o indizível. E assim posso me redimir ao sacro banzo e viver em plenitude com o deslumbre das revelações que se dão no seguir do Tempo que é a Vida, a roda da fortuna. Sorte e banzo. Banzo e andança. Andarilhos do Tempo. É preciso servi-Lo. É prazeroso senti-Lo. Deixe-O entrar. Pois Ele e apenas Ele pode transcender-nos. Que as gotas do orvalho nos sirvam por Mestres. Majestosa senhora Oya! Que suas trovas e sonidos magnânimes nos acordem para o hoje e para o sempre! Que as águas perenes dos rios d´Osun nos embalem, nos acalentando à sobrevivência servil ao Tempo.

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