sexta-feira, 18 de junho de 2010

deu zebra.




copa do mundo. Mais uma. Aquela histeria insalubre. E agora essas vuvuzelas. Todos os amigos se falando e querendo ver o jogo juntos, para se entorpecerem em meio ao bem vindo feriado forçoso e desculpado! Afinal, o dia do jogo do Brasil é o dia oficial do ufanista brasileiro! Exaltamos nossa pátria a cada quatro anos, com precisão e afinco... Bom, a mais simples verdade é que não tive sequer vontade de assistir ao jogo e fiquei em casa batendo um outro bolão. Fui conduzido pelo volante para meu campo de futebol privado, e em meio a muitas boladas, fui atacante, zagueiro, meio de campo e lateral... Esta, sem dúvida, a melhor posição. E depois de uma espetacular goleada de ambos os times a partida terminou em empate. E nada poderia ter sido melhor. Após este certeiro incidente, ainda escutei de terceiros que eu era um chato. Um chato por ter jogado minha partida de futebol particular, embalado pela voz dos narradores do sport tv, sem dar ouvidos a nada. Apenas a minha partida, futebolística e simbiótica, era o que importava. Então veio o intervalo e eu não pestanejei! Saí às ruas em busca de sorvete. Chato mesmo foi não tê-lo conseguido comprar, pois não havia viv´alma transitando pelo vilarejo de São Sebastião. Vaguei, como uma espécie de zumbi, pelas ruas, desfrutando da mais santa traquilidade. A paz nesta cidade é quase subversiva. Foram uns quinze minutos bastante significativos. A Copa ganhou outra conotação, sob este olhar de quem zanzou pelo Humaitá, feliz por não ter visto ninguém. Sentido, este, muito mais nobre. Assim posso dizer, com orgulho e vestido de verde e amarelo, que também amo este evento. Repetirei esta façanha nos próximos jogos. Muito bom descobrir o valor do atípico e convertê-lo em uma diversão única e particular. AH! É preciso ser justo. Aos que gostam, como eu (voz), há equipes que vestem aquela indumentária fetichista, sob a alcunha de uniformes, de maneira verdadeiramente convidativa ao esporte!

Obs- Não é a toa que na copa africana tá dando um bando de zebras! Zebra suíça, mexicana, eslovena, grega e sérvia. Um viva às savanas!

quinta-feira, 17 de junho de 2010

debaixo d´água




"a boa Terra". Acabei de ler isto na página de uma amiga e me dispus a pensar sobre o assunto. Sobre esta bondade Terrosa, Terrena, sei lá... Sobre a benevolência. Porém me cansei de pensar sobre este assunto no mesmo segundo em que parei para me espreguiçar. Sinto um sono tamanho. O sono me come e eu levanto rijo. Desperto para os afazeres corriqueiros e há tanto para ser feito. Um evento me desloca de minha rotina e isto, para mim, implica num certo estresse, na falta de palavra melhor. Na ausência de um cotidiano mais aprazível eu corro para o adorável mundo das palavras soltas, que transpõem, com a devida limitação, as flutuantes emoções concernentes ao ser. Ser algo. Ser algo que não se é ao olhar do outro. Buscar estar. Estar e ser, verbos que se confluem como as águas... E como vem à cabeça água... Quanta água! Doce, salgada, sempre água. Tenho sede e não há água no bebedouro. E há água a minha frente. Posso vê-la. E até poderia senti-la, mas não bebê-la. Devaneio sobre a sensação que já gozei inúmeras vezes em minha vida, de voar sob a água, aquela massa densa, que se difere do ar por uma pequena diferença de valor químico, considerando a minha honrada ignorância sobre o tema. Divago sobre esta emoção sem rumo algum. Apenas pelo desejo de dizer algo. Somente pela necessidade, rara e instintiva, de refletir sobre as águas. Não vou a lugar nenhum, reitero. E não vou, pois fui incumbido de uma missão fantástica (com e sem ironia). Tenho prazo de entrega para criar uma história, uma aventura, cheia de emoções que despertem o saber, abordado e desenvolvido, acerca de um tema específico e blá, blá, blá. Isto é, preciso adequar um projeto educacional a uma fábula. E para aonde eu vou? Para o fundo d´água me refugiar. Porque sob a paralela atmosfera, densa e molhada, que me permite voar eu me sinto em mim. Ali, n´água, me encontro em mim e me disperso. Decolo num voo contínuo e alcanço longitudes, que me fazem sentir o vazio inexplicável e silencioso. Logo, exaspero o ar que preciso inspirar, a procura de vida, e eis que a encontro, num único e sensato disparo rumo à superfície. As belezas do plano em que respiro me deixam sedado, em um êxtase contínuo que (eu) gostaria jamais ter fim. Entretanto, ouço vozes femininas que clamam minha presença e que rompem meu encanto, me lembrando que o canto de uma sereia pode ser uma armadilha atroz. Intuitivamente mergulho mais uma vez e percebo assim, que a distância é a mais profícua maneira de ser invisível e é chagada a minha vez de cantar. E tão logo eu canto, me assombra o encanto de ser quem sou.

terça-feira, 15 de junho de 2010

como uma onda.






O entardecer enterneceu a paisagem, que assumiu tons terracota em contraste com o sol vespertino de verão. O incessante ruído das ondas era um convite ao encantamento. O mar cristalino e em plena calmaria, permitia a visão detalhada de seu fundo costeiro, com um simples abrir de olhos submersos na paralela atmosfera marítima. E sobre o dorso de um tremenda baleia, eu me deitava e alcançava a graça de sentir a paz dos que transcendem a consciência homo sapiens. As cores falavam, o mar entoava o sossego e a baleia tinha a sapiência de um eremita. Eu compunha a voz que vibrava num tom sem som e que era possível escutar através do sentir. Soube que era chegado o momento do retorno às antigas sensações. Satisfeito, deitei-me sobre aquele suave veludo, que caracterizava a pele do sábio mamífero dos mares. Num voo brando e contínuo eu vi minha mãe passar, vi minha irmã conversar. Assisti meu corpo posicionado sobre a cama, tal como ele se encontrava durante minha viagem com destino ao seu encontro. O ruído de uma onda que batia estourou em meus ouvidos. Senti meu corpo flutuar e balançar através dos ritmos lentos e doces, das salgadas marolas que não cessariam, senão pelo despertar sobre a costa. Atravessar os portais do inconsciente. Um desafio, uma sorte ou um perigo? Há paz que podemos comprar em embalagens de tarjas com cores específicas, em forma de pastilhas para adultos. Há outras "pazes". Estas só conhecemos livres da condição de homem. Só as contactamos seguros da condição de composto genético da grande célula redonda, aquosa e pulsante que é a Terra. E ela solta, num corpo sem fim, denominado pelos "sapiens egos" de Universo. Tal qual somos. Homos. Universos. Quase sempre dissonantes.

terça-feira, 8 de junho de 2010

o louco escafandrista!






-Estou vendo uma bike maneira chegando! Que louco o ciclista! Está vestido como um escafandrista! Ih! Ele entrou no mar!! É uma bicicleta? Que maquineta é aquela?!

- O escafandrista pode levá-la a qualquer lugar e fazer o que quiser com ela! Que irado!!

Eu já escutei histórias fantásticas sobre ele! Criou essa maquineta, essa bicicleta altamente turbinada para se aventurar mar afora! É meio cientista esse cara! Escutei dizer que ele é um super aventureiro e que criou esta geringonça mágica para poder desbravar todos os diversos mundos do mar! O infinito universo ocêanico, esta alegoria mítica de todo o universo além terra! Sua história, me contaram, começou nas ondas em que flanava pelas costas continentais de todo o mundo! Até o dia em que conheceu um monstrão abissal que o engoliu e o levou às profundezas! Seguro que tinha acabado sua vida promissora teve a sorte de não ter sido apreciado pelo bichão e foi cuspido longe, chegando às areias outra vez com a prancha e tudo! Assustado e fasciando, numa praia desconhecida, ele foi buscar maneira de retornar ao seu ponto de partida! E assim o fez, cheio de novas e fantásticas ideias! Tudo para que encontrasse o bichão símbolo do desconhecido outras vezes! E assim, carregado de muita imaginação, elaborou seu escafandro encantado visando encontrar outros monstrões e tudo o mais que não se vê nas profundezas dos mares! Desta forma, sem saber, nosso bravo andarilho das águas recebeu as honras de um herói! E com a nobreza de um príncipe dos mares, ganhou um passaporte simbólico para que pudesse saber um bocado, um bocadão, sobre o infindável mundo de Netuno! Hoje, mais do que nunca, nosso nobre aventureiro sai para encontrar o saber com suas amigas sereias, baleias e seus amigos marujos e piratas e cientistas malucos, dentre tantos outros! Em cada lugar novo que conhece, ele deixa sua bandeira para mapear bem suas caçadas rumo ao aprendizado do vai e vem infinito das ondas do gracioso mar! Toda a vida que há no mar ele tem vontade de sorver, pois aprender é a maior expedição "aventurística" que pode desfrutar em sua existência de escafandrista e desbravador oficial dos muitos mares! Ah, e ele leva quem quiser ir com ele, de carona, na sua super maquineta! Ele a batizou de Imagine! Sendo assim, soltemos, à liberdade, nossa imaginação sem fronteiras para que a aventura seja inteira e inesquecível! Quero curtir esse barato total! Vamos com ele? Eu já tenho a mochila pronta e já corri para o ponto em que poderei montar na sua garupa!

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Inspirai-me Yemanjá!


É preciso apresentar uma proposta acerca de uma possível futura exposição sobre o mar. Foi lançado assim, em minhas mãos, nossas mãos (tenho uma companheira nesta missão), um dever: "- Escrevam sobre o mar. Apresentem em caráter lúdico um texto introdutório sobre o assunto.- Mas que assunto? O mar. Mas o que você quer falar sobre o mar? Ah, pensem!"... Tem que ser lúdico, educativo e a ideia, a priori, é de uma exposição muito visual, direcionada para um público infanto-juvenil e que tenha um apelo educacional com um certo viéis de propriedade ecoeducativas, se é que existe esta palavra, porque este tema é o "filão" do momento. Sem ele, o tal tema ecologia, nada vai adiante. Que nojo. Tudo pensado friamente de modo que o desejo de alguém caiba dentro de um interesse fundamental de terceiros investidores. Mundo do lucro. Mundo real. E o mar será a poesia, a beleza e o produto. Seguimos com esta missão... O que fazer? O que o mar representa para mim? Bom, para mim eu posso dizer, ao menos tentar, livremente, fazê-lo.

Sentei ali no Arpoador imaginário e pedi inspiração a Yemanjá. O Arpex tá muito longe. Estou numa salinha fechada em plena Glória da decadência carioca. Mas sigo insistindo. Aqui vou eu!

Eu penso em mar e me vem Dorival Caimmy à cabeça. Tantas palavras dedicadas ao mar. Muitas canções que embalam o ritmo das marés... E assim me ocorre também Jorge Amado e seu misticismo crônico e marítimo. Quando me dou conta eu já cheguei à Bahia. E de lá eu vou à Europa e me perco ali, em algum lugar na Península Ibérica, vagando pela costa do mediterrâneo buscando maneira de chegar ao mar Báltico. Desta forma, por aí, sigo minha viagem que me leva em ondas a um passado que ainda é começo pois o mar não tem tempo. Não tem começo. Não tem fim. Pois sendo desta forma eis que surge uma canção em meu pensamento e que não me larga: (...)"nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará. Tudo muda o tempo todo no mundo(...). É Lulu... É um "indo e vindo infinito, como uma onda no mar"...
E pensar que um dia acreditou-se que ele, o tal falado mar, terminava no final do horizonte cujas retinas podiam alcançar. E os monstros delirantes que se proliferavam em meio às muitas incertezas e mistérios abissais que assolavam aquela humanidade? Sim, aquela humanidade era outra humanidade. Impossível não recorrer ao anacronismo para tentar percebê-la, mas sendo muito honesto, imagino que se pudéssemos revisitar este passado em carne e osso, encontraríamos um outro planeta que em comum com o nosso, teria o mar e suas águas como a força primordial a reger nossa vasta Terrinha. Contudo, por sorte, nosso ancestrais bravos e loucos, aventureiros e ingênuos, ambiciosos e valentes, abriram para nós caminhos, para ao menos, podermos mapeá-lo por inteiro. Suas ondas são eternas aventuras que embalam nossas vidas não em uníssono. A cada vida um tom. A cada vida um ritmo. A cada ciclo uma maré. E a cada geração as mesmas muitas marés cíclicas. O mar é uma tremenda alegoria cósmica. A grande metáfora. O oceano gera imensidão de vida e criação. É preciso agradar Netuno, e todos os seres míticos que representam as águas oceânicas. É preciso ofertar a Senhora Yemanjá beleza e fartura pois sua fúria é brutal e não há carranca que posssa detê-la. Penso no surfe e no deleite de flanar sobre as ondas. Sinto o prazer de mergulhar no mar calmo, verde e morno em algum verão corrente na minha memória, e de assim voltar para casa e me deitar sentindo o corpo ainda balançar. Tempestade de informações cerebrais. Nenhuma solução para meu dilema. Como?! Como apresentar esse texto? Aonde está a coordenação? E para me fuder ainda mais fui acometido de súbito pela imagem constante, em minha mente, do Kelly Slater!