quarta-feira, 7 de julho de 2010

não me veio nenhum à cabeça. (a respeito do título)





Complicado falar sobre isso. Não por quê seja politicamente incorreto. Não. Este não é o ponto. Devo admitir também minha burrice mediante a constatação de minhas tremendas limitações. Somos dois burros. Eu e meu aluno. Eu eu vou contar o porquê. Se, em tese, uma criança é um indivíduo em formação e que aprende através de uma gama de assuntos curriculares eu sou mesmo um tremendo burro. Sou mesmo. Sou, porque me falta paciência para tratar desta mazela que é a ignorância absoluta cuja a chaga arde. Porém, reconheço naturalmente, ignoro variados assuntos e outras nuances dos conhecimentos de toda ordem. Pronto. Fiz um mea culpa e agora posso falar mal, mais a vontade, sobre este aluno em particular. Devo confessar a vontade incontrolável que sinto de insultá-lo. Isto é, de chamá-lo de burro, anta e animais desta ordem. Todavia, com a boa alma que tenho, me atenho a explodir internamente e através deste singelo texto almejo apenas desabafar. Aos 12 anos e sem nenhuma doença diagnosticada, este pré-adolescente desengonçado e esquisito como a maior parte deles é, tem o comportamento do perfeito nefelibata. Não sabe qual função a escola exerce em sua vida. Não entende o porquê de estudar tudo aquilo. Se distrai com a própria respiração. Seus movimentos repentinos o entretem de maneira invejável. Mas a verdade é que perdi completamente a vontade de escrever sobre isto... (2 dias depois) Hoje fui eu lá novamente ao seu encontro, para mais uma aula. Minha memória é realmente capacitada e pude observar que tal como ele é, fui eu com seus mesmos 12 anos. No entanto, reitero, esta percepção, não elimina meu desejo de realizar uma catarse escrita e dizer que por vezes não me controlo e acabo demonstrando minha tremenda irritação. Exemplificarei da seguinte forma: eu acabo de explicar o óbvio e ele faz perceber bem sobre o quê eu falo. Ao ser indagado sobre aquilo que afirmou ter compreendido, sou olhado por ele com sua expressão beócia e ouço: "-Não sei!" E assim ele sorri, mostrando seu aparelho fixo, e alarga ainda mais a circunferência de seu rosto, já o bastante arredondada. Observo como seus cachos cortados, àquela maneira, fazem lembrar um repolho. Em alguns momentos, como o citado, reviro os olhos com a mais sincera indignação. Bufo como uma besta enfurecida. Passo as mãos pelos meus cabelos me sufocando para não arrancá-los de meu couro cabeludo. Após o pequeno surto me deparo com seu olhar doce e ingênuo e sou tomado, imediatamente, por uma ternura que salva minh´alma do purgatório. E assim sigo, espirituoso, em minha condição educadora e torno-me divertido aos seus olhos tão gentis. Inventando as ideias mais loucas e que finalmente prendem sua atenção. Com isso, faço troça da minha própria limitação e me orgulho por receber sua espontânea gratidão, pelos seus melhores resultados. Este é meu irmão. E assim cresce nossa relação.

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