quarta-feira, 23 de novembro de 2011

eu e a besta.



É.

‘Vou sobrevivendo sem um (e sim com centenas de arranhões) arranhão, da caridade (sequer isso) de quem me detesta'.

Um luto é sempre plural. Sempre. Um merda nunca é sozinha. Impressionante, não? Sempre vem acompanhada. O luto comumente faz a cova dos desesperos mal enterrados ser escancarada e então aquele cheiro de vala, que nos lembra que a merda é mesmo plural, sobe e se espalha sem piedade. Não tem jeito. Basta uma mortezinha para que um motim de assombrações entre em festa! É. Foda.

Mais difícil ainda é ter que lidar com a constatação de que encontrar um tempo para sofrer em paz é mera utopia. Seria luxuoso demais para uma ordinária como eu, tão frágil como todos os reles mortais. Perdi mais uma batalha e já preciso estar a postos para a próxima que se faz, sempre, do confronto com a derrota mais recente. Foda. Fodinha.

Restou-me a esperança. Geralmente ela tomba das minhas mãos quando mais preciso.

Sonho/ pesadelo:

Uma sede voraz abate minha alma. Agonizo por necessidade d'água. Rogo por socorro. Estou completamente exaurida. A insanidade torna-se meu exílio. Minha rspiração ofegante traduz o desejo pelo último copo d'água. O sol arde em brasa, sem dó, sobre meu corpo que definha e sequer é capaz de suar. Enxergo um vulto. Sinto um calor a abrandar minha alva tez. Uma minúscula sombra me conforta. Um nobre inseto acaricia minha pele ao pousar em mim. Agradeço, emocionada, tamanha compaixão. Ensaio um sorriso. Minha tentativa é frustrada. Faltou-me força. Um vulto humano se aproxima. Não reconheço aquela voz que brada: - água! Um pequeno copo de plástico surge diante de minha prejudicada visão. Alguém tenta me levantar. Meus ossos doem demais. Ajudam-me, em vão, a conduzir aquele único resto d'água à minha boca. O copo arrebenta. Sinto um pouco d'água a escorrer sobre minha pele que absorve o líquido pelos poros enquanto respiro ofegante um choro que não vinga. Não há mais nenhuma gota d'água e sem a água não nasce a lágrima. Derrota e dor. Minha língua gruda em minha garganta e deixo de respirar.

Desperto sufocada. Que alívio.

Curioso como o dia de ontem me fez revisitar um tempo tão outro. Um tempo em que, exatamente no mesmo dia do mesmo mês, as coisas pareceram dar muito errado. Recordar foi precioso. Pois foi depois daquele horror, há 6 anos, que renasci para o agora.
Resolvi regar com o pranto a minha força. Levantei-me, tarde, sem preocupar-me com atrasos e afins. A única coisa que realmente importou foram as músicas que me serviram como mantras. Refugio-me no universo inefável. Ponto de encontro crucial.

Falta-me inspiração para dizer mais. Tudo bem. Pouco é o suficiente. Um simples desabafo composto de metáforas duvidosas me caem bem. Foi somente mais uma dor. Só mais uma. Nada demais. Nada além disso.

Perdi uma batalha, mas jamais a guerra. Sigo adiante no caminho. É do meu andar que o refaço. É disso que me vale a existência e continuo, formosa e fagueira, a balançar meu corpo, ainda distante (ufa!) de sua dernière danse. Uh lá lá!

Olho o mundo lá fora pela janela. Fito a vida em movimento. Como eu gosto disso. Sinto imenso desejo de voar para o meu ninho. Meu ninho é o meu mundo e esse mundo é o nosso. Todo ele. Não há fronteiras. Os caminhos são todos. O caminho é aquele que eu tomar. É simples (mentira). Basta seguir em frente. O espaço tem amplitude infinita (magia) e devo ir apenas a qualquer lugar e, ainda, a tantos outros. Para que me preocupar mais? O tudo é sempre o incerto. O incerto é sempre o caminho. Preste bem atenção.

Carrego comigo uma besta pela estrada. Tudo bem. Ela sou eu. Somos dupla, afinal. Precisamos uma da outra. Somos una. A besta e eu. Somos duo a remar contra a maré. Coisa comum às bestas como nós. Sou uma iludida e quando me reconheço sou mais contente. Não me basto se não sonho. O sonho é o meu estilo e tá tudo bem. Assim.

Obrigada.

Diana.

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