quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

baby, what else can I do?


*hanging onto every heartbeat/ cut copy

Tantas emoções na última semana, Alberta. Nem sei por onde começar. Minha mãe se foi. O chão também. Mas será por pouco tempo. Ela me deu a base necessária para seguir adiante. Ensinou-me a construir novas estradas com coragem e bravura.

Estou devastada, porém confiante de que estarei, em tempo breve, recuperada através do tudo que a minha velhinha semeou em mim por tantos anos lindos. Saudade é uma dor calada. A saudade é muda, e nós ainda assim a escutamos. Cada um de nós só pode ouvir a própria saudade. Saudade é solitária. Saudade é difícil. Não sei se é bom. Às vezes é, né? Acho que sim. Porque há a saudade que me traz o sorriso e a alegria. Há saudade que me faz feliz. Há a saudade que me alimenta e a saudade que me levanta. É verdade. Saudade é assim. É cada hora de um jeito. No momento a minha arde como a minha cabeça que parece prestes a explodir.

Oh, gloriosa Virgem da Conceição (08 de dezembro)! Que eu receba sua força no dia de hoje para ultrapassar mais esse obstáculo: a dor de uma perda natural que deixa no ar os mistérios e as incertezas existenciais. Por sorte não deixou-me o vazio, pois sim a vasta gratidão e o imenso orgulho por tê-la tido como mentora de uma vida que se reinventa, hoje, a partir do seu legado: seu amor, seus ensinamentos, sua força impressionante, sua dedicação e astuta fé na vida. Minha leoa domada. Que os deuses te recebam com toda a alegria que você merece.
Sofro recatada. Acho mais digno.

Sem maior inspiração deixo aqui registrado os resquícios das últimas conversas fúteis com algumas amigas e minha filha nas últimas 48hs.

Diana: - mãe, você já se sentiu uma cachorra?

- de rua e abandonada e escorraçada e que abana o rabo para qualquer um que lhe passa pelo caminho, crente de que haveria alguém piedoso para me acarinhar. Justo nesses momentos esse alguém jamais se manifesta.

Eva: - tia, estou ok, entende? ok é fundamental para acenar a falsa segurança, sem maiores expressões de medos ou constrangimentos.

- ok, Eva. Ok. Nada como estar ok.

Eva: - tia, as gueis são as mulheres so século XXI. Temem tudo na hora do sexo. Temem. Temem tudo.

- eu não temo. Como mulher do século XXI faço apenas o que quero e quando quero.

Eva: - conversando com minhas amigas gueis chego a seguinte conclusão: uma guei comprando equipamentos de chuca é como uma mulher escolhendo a pílula nos anos 70, ou o melhor absorvente nos anos 80. Todo mundo pensa que as gueis só pensam em sexo. Não gosto quando meus amigos são vistos assim. As pessoas não são iguais.

- sou uma mulher livre, dengosa, fogosa, versátil e dona dos meus desejos. As gueis não podem se ater aos prejuízos dessa sociedade doente. As gueis precisam das antigas e boas e eternas referências. Sejamos Tieta. Sejamos nossas donas. Sou dona de mim.

Paola: - tia, eu não penso apenas em sexo. Penso em tantas outras coisas. Sou senhora das minhas vontades e dona de mim. Penso em um corte de cabelo, em roupa, em taças de champa, de pró... Iiiiiii! Tanta coisa...

Diana: - bom, Paola, você reflete bem o que os sujeitos indeterminados de nossa límpida sociedade pensam sobre as gueis. A sociedade é tão machista e nojenta que rejeita a guei que tem atributos femininos em demasia. É como se fosse degradante ser mulher. É inconsciente. Mas ainda é assim. Por isso um homem que reproduz trejeitos estereotipados femininos sofre ainda mais que os outros. Afinal portar características tidas por femininas, nessa sociedade, ainda é algo inferior e alvo de escárnios perversos e ultrajantes. As passivas são motivo de chacota entre as mesmas gueis. É incrível esse ranço maldito. A posição que a mulher ocupa no imaginário dos mediocres é lamentável. Sou mulher e, portanto solidária as gueis. Vive la fete! Nossa! Está se armando um temporal por aqui!

- quisera eu que fosse uma tempestade de amor. Amo temporais. Juro. Amo mesmo. Acho tão Iansã. Uma coisa poder dos ventos e dos raios! Mude e transforme minha vida!

Diana: - sei, mãe. Ô, se sei.

*harmonix/ surfer blood

Chat do facebook:

Alice: - Joana, ouvi Madonna hoje e lembrei tanto de você! Lembra que éramos apaixonadas? Na verdade eu adoro a Madonna até hoje apesar dela ter virado uma velhONNA ridícula e papa feto.

- Olha, não duvido nada, Alice, que ela alugue uma barriga de aluguel para gerar um embrião do sexo masculino e passe a andar de mãos dadas com a grávida sob o argumento de estar apaixonada pelo seu namorado mais jovem: o feto.

Alice: - ai, para, Maria Joana!

Desliguei a porcaria do chat. O iTunes abriu as vendas para o Brasil. Fali. Comprei 100 músicas em meia hora e nesse instante ouço: I got a guy/ Ella Fitzgerald.

- she is my thrill

Diana: - é mãe... We got a guy! Ufa!

Maria Joana.