quarta-feira, 5 de outubro de 2011

sem saber.



Down on me. *Janis Joplin.

Esperar. Esperar é reconhecer a finitude da vida. Esperar é reconhecer que a vida é exaurível. Reconhecer os limites é reconhecer a morte em si. Lidar com os limites é enfrentar uma guerra sem armas apontadas, sem um campo de guerra definido e em meio a soldados dissonantes.

Ando urgindo por vitórias, mas encontro apenas mais e mais limites. A batalha é perene. Minha força perece. Tudo aquilo que é urgente apenas o é porque o limite não o faz fluir. É aí que nascem as emergências. Os tempos são únicos. São relativos e intransponíveis. Meu tempo é limite. Minha ânsia sinaliza a urgência. Minha emergência é a expressão do meu limite. O meu limite é o limiar entre a sanidade e a loucura. Minha sanidade grita socorro.

Eva, amiga querida, obrigada pelo seu email. Por aqui está tudo bem sim. Ontem me deitei e levei a faca comigo. Fiquei fazendo cosquinha no pulso com ela, sabe? Até pegar no sono. Mas tá tudo bem. “Hoje é dia de rock, bebê”. Entender isso é o que me faz seguir plácida e confiante.

Minha paz é minha mentira mais cretina. Perdi a sensatez assistindo ao rock in rio na tv. Tal constatação surgiu quando percebi que sem o Mauro eu sou metade. Quando metade eu sou... Não achei palavra. Sou uma reles metade. Uma metade é uma sobra. Uma metade é um pedaço solto e sem justificativa. Uma metade triste e vazia. A metade que me representa é desarmônica e lamuriosa. Será um trânsito qualquer? Desejo que sim de modo a encontrar qualquer justificativa. Repudio a minha tristeza refeita da melancolia que nasceu de uma breve ausência. Que cresceu com o limite que me foi imposto e que não me permitiu estar lá com ele a gozar de um mundo novo que se revela sonho apenas quando sou completa.

Estou ressentida. Por mim mesma. Porque não consegui ser a metade de mim para mim. Porque fui reduzida a metade através da incompletude que existiu quando não consegui ir além.

Recorro a todas essas alegorias com um único intuito: não ser óbvia; para dissimular meias verdades. Ando turbulenta e ansiosa. Estou temerosa. É como se estivesse sob algum risco iminente. Estou impotente diante dessa sombra que me envolveu. Impontente diante da minha própria história. Quero mais e já não sei mais onde encontrar o rumo que me leve ao porto.

Renúncia. Uma pequena grande dor. Uma pequena morte. Uma esperança renasce da lembrança de um acerto (?). Já venci esse perigo amorfo antes. Quem sabe posso derrubá-lo outra vez. Temores plutonianos. Inimigos sem face. Preciso encerrar esse ciclo. Preciso virar a página. Preciso reescrever minhas linhas. Preciso de um encontro. Preciso do sol para que ele queime essa treva desgostosa que insiste em resistir. Necessito do sol posto que é chama. Preciso de uma chance. Preciso de luz posto que é força.

Em relação ao Mauro resta-me a certeza (ufa!) de que é ele. Sempre foi. Sempre será.

Você está para vir ao Rio? Ah, amiga, quando vier traz aquele facão de ponta para churrascos dos Pampas para mim? Não fique preocupada. É só para fazer cosquinha no meu pulso até cair de sono. Soninho gostoso que dá, sabe? Técnica milenar chinesa. Estou super bem. Sou um pouco exagerada.

Mas dói demais sentir.

Temo o medo do que não sei.

Temo a minha própria chatice.

Diana.

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