sexta-feira, 28 de outubro de 2011

pensar é poder (com trocadilhos).



Cara Paola,

Não sei o porquê, mas não recebi ainda seu email. Estou saudosa. Como andam as coisas por aí? Aguardo notícias.

Um beijo,

Diana.

Obs. Hoje é dia de São Judas Tadeu, epíteto, o santo das causas impossíveis.
Não pude deixar de fazer essa menção, Paola. Dei-me conta de que sou, eu mesma, minha causa impossível. Parece que o terremoto do Haiti passado há quase dois anos me atingiu recentemente. Tenho fendas abertas. Minha terra estremeceu. Justo agora... Em realidade, estou angustiada faz muitos anos. Busco incessantemente a reestruturação dos meus escombros e quando pareço atingir um feito, tudo balança outra vez. Eu sei, eu sei... Sou tida por dramática. Sou mesmo exagerada. Sei de tudo isso, mas estou a sofrer, poxa... E discorro, sem hipérboles tolas sobre minha pequena dor:

Quero transformar tudo e não dá! Que difícil de lidar com tantas negações! Que merda ter que viver a esperar. Tudo é tão fugaz e efêmero... Tem sido foda viver de maneira tão saturnina. Responsabilidades. São apenas as realidades. São as fantasias resistentes que me tornam assim, tão desiludida. Possivelmente ajo, mais uma vez, como uma babaca inconformada, que insiste em buscar prazeres hedonistas em meio à desvirtuada maneira que tenho de enxergar a vida. Acatar com a rotina tem sido um desafio imenso. É tão natural para tantas pessoas agir de modo a agradar, simplesmente, aos outros. No entanto, para mim, que detesto máscaras, tem sido um tormento domesticar meus impulsos libertários em prol das minhas necessidades mundanas. Minhas idiossincrasias tornam-se afrontas ao sistema que remove a originalidade de uma sociedade em que o importante é ter. Ser é funcional quando somos. Sou e, portanto não me somo àquilo, dito por certo, quando não quero. Porém tudo o que quero é tão uno que é impossível ser quando sou só eu quem deseja. É, portanto que lembrar-me do meu querido santo gera alívio e consolo durante essa tarde tão linda tal como tantas outras já vividas.

Meu Santo amigo,

Clamo sua força para que possa eu ser abençoada por sua egrégora. Rogo sua misericórdia para que eu seja vigilante. Peço sua piedade para que seu calor toque meu coração e possa me trazer paz, conforto e sabedoria. É preciso cautela e prudência. É preciso esperança e empenho. É fundamental perseverar e repensar a maneira de me ajustar ao universo em que habito. Sou grata às minhas glórias que consistem em viver sob a busca infinita por aquilo que só se sente quando somos iluminadas. A razão é a luz que me orienta. A generosidade uma ferramenta que se lapida. A fé o veículo incerto que traz o norte quando somos cegos. A perseverança é a máquina motriz. O amor... O amor... Dele não sei bem dizer. Sei que sentir é o que me faz viver. O amor é transformador e a paz é o meu desejo. Obrigada por representar o ponto de apoio que ensina, por uma estrada imprecisa e mal interpretada, a ser eu mesma minha maior aliada. Obrigada me parece tão pouco. Mas, como se sabe, sou mesmo uns tons acima. Exagerada, repito.

É, Paola, meus ímpetos transgressores associados às necessidades impostas por um ano regido por um capricórnio me ensinam que é hora de me reinventar. Preciso cultivar a sutileza tão defasada em meu ser.

Bom, Paola, a essa altura você deve estar se perguntando que tipo de dorgas eu tomei. Por incrível que pareça, ingeri um simples café.
Sei que falar de fé não cabe em nosso meio. Sei de tudo isso. Mas defeco(adoro a palavra) solene para o(s) fato(s). Preciso do inefável quando o tangível não me atinge.
Será que eu não me toco? Bom, depende da circunstância. Você entendeu, não é mesmo?
Não deixe de me enviar notícias, sua serelepe. Imagino que as coisas por aí estejam divertidas. E cá estou eu, densa, chata, mala, uó. Ui! Perdoe-me. Não consegui reter minha carência e escrevi, com pouca dó de seus olhinhos, para dizer, em outras palavras, que é você uma querida amiga.

Arrepiada.

Diana.

Obs.2 pensar é poder (com trocadilhos).

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