sexta-feira, 4 de junho de 2010

Inspirai-me Yemanjá!


É preciso apresentar uma proposta acerca de uma possível futura exposição sobre o mar. Foi lançado assim, em minhas mãos, nossas mãos (tenho uma companheira nesta missão), um dever: "- Escrevam sobre o mar. Apresentem em caráter lúdico um texto introdutório sobre o assunto.- Mas que assunto? O mar. Mas o que você quer falar sobre o mar? Ah, pensem!"... Tem que ser lúdico, educativo e a ideia, a priori, é de uma exposição muito visual, direcionada para um público infanto-juvenil e que tenha um apelo educacional com um certo viéis de propriedade ecoeducativas, se é que existe esta palavra, porque este tema é o "filão" do momento. Sem ele, o tal tema ecologia, nada vai adiante. Que nojo. Tudo pensado friamente de modo que o desejo de alguém caiba dentro de um interesse fundamental de terceiros investidores. Mundo do lucro. Mundo real. E o mar será a poesia, a beleza e o produto. Seguimos com esta missão... O que fazer? O que o mar representa para mim? Bom, para mim eu posso dizer, ao menos tentar, livremente, fazê-lo.

Sentei ali no Arpoador imaginário e pedi inspiração a Yemanjá. O Arpex tá muito longe. Estou numa salinha fechada em plena Glória da decadência carioca. Mas sigo insistindo. Aqui vou eu!

Eu penso em mar e me vem Dorival Caimmy à cabeça. Tantas palavras dedicadas ao mar. Muitas canções que embalam o ritmo das marés... E assim me ocorre também Jorge Amado e seu misticismo crônico e marítimo. Quando me dou conta eu já cheguei à Bahia. E de lá eu vou à Europa e me perco ali, em algum lugar na Península Ibérica, vagando pela costa do mediterrâneo buscando maneira de chegar ao mar Báltico. Desta forma, por aí, sigo minha viagem que me leva em ondas a um passado que ainda é começo pois o mar não tem tempo. Não tem começo. Não tem fim. Pois sendo desta forma eis que surge uma canção em meu pensamento e que não me larga: (...)"nada do que foi será de novo do jeito que já foi um dia. Tudo passa. Tudo sempre passará. Tudo muda o tempo todo no mundo(...). É Lulu... É um "indo e vindo infinito, como uma onda no mar"...
E pensar que um dia acreditou-se que ele, o tal falado mar, terminava no final do horizonte cujas retinas podiam alcançar. E os monstros delirantes que se proliferavam em meio às muitas incertezas e mistérios abissais que assolavam aquela humanidade? Sim, aquela humanidade era outra humanidade. Impossível não recorrer ao anacronismo para tentar percebê-la, mas sendo muito honesto, imagino que se pudéssemos revisitar este passado em carne e osso, encontraríamos um outro planeta que em comum com o nosso, teria o mar e suas águas como a força primordial a reger nossa vasta Terrinha. Contudo, por sorte, nosso ancestrais bravos e loucos, aventureiros e ingênuos, ambiciosos e valentes, abriram para nós caminhos, para ao menos, podermos mapeá-lo por inteiro. Suas ondas são eternas aventuras que embalam nossas vidas não em uníssono. A cada vida um tom. A cada vida um ritmo. A cada ciclo uma maré. E a cada geração as mesmas muitas marés cíclicas. O mar é uma tremenda alegoria cósmica. A grande metáfora. O oceano gera imensidão de vida e criação. É preciso agradar Netuno, e todos os seres míticos que representam as águas oceânicas. É preciso ofertar a Senhora Yemanjá beleza e fartura pois sua fúria é brutal e não há carranca que posssa detê-la. Penso no surfe e no deleite de flanar sobre as ondas. Sinto o prazer de mergulhar no mar calmo, verde e morno em algum verão corrente na minha memória, e de assim voltar para casa e me deitar sentindo o corpo ainda balançar. Tempestade de informações cerebrais. Nenhuma solução para meu dilema. Como?! Como apresentar esse texto? Aonde está a coordenação? E para me fuder ainda mais fui acometido de súbito pela imagem constante, em minha mente, do Kelly Slater!

Nenhum comentário:

Postar um comentário