quinta-feira, 15 de julho de 2010

para Leila (Lopes).





meu pensamento trombou com o seu na avenida. Eu sabia que era você. Sabia, pois aquele pensamento só com você eu podia dividir. Só você, entre todos, poderia pensar aquilo. Eu senti calafrios e a cabeça tremer. Senti você dentro de mim. Meus nervos em ebulição... Ao dobrar a esquina te vi e havia algumas passadas entre nós. Corri e parei. Fitei suas costas e chorei aliviada por te resistido. Pisquei relutante em deixar a lágrima cair. Contraí meu corpo e segui em passos lentos até te perder de vista. Foi nesta hora que meu telefone tocou. Estava segura de que era você. Não retirei o aparelho do bolso. Deixei tocar e você insistiu. E foi nesta hora que eu me despedi. Fui embora de sua vida, para sempre poder fazer parte dela. A indiferença foi minha arma e meu escudo. Minha jogada certeira. Cheguei à casa e dormi. Necessitava descansar após a tormenta que fora nosso pesadelo. E assim o fiz. Desfrutei do sono dos justos. Ao me levantar acendi minha vela e orei rogando a paz que encontrei em mim. E neste dia um sábio chegou à cidade.

-Ah, Fernanda! Meu cu, porra! Te peço para escrever uma parada e você me vem com essa babaquice de história chata!

-Bernardo, eu fiz o melhor que eu pude. Eu escrevi o que senti que devia dizer. Você que não entende esta metáfora, seu grosso! Foi para você que escrevi essa merda! Eu tou de saco cheio de você, seu babaca!!! (gritando histérica).

As mãos dele percorrem a mesa buscando o isqueiro lilás. Ele acende seu cigarro. A fumaça torna-se uma imensa nuvem.

Flasback

Fernanda (mulher de 30 anos, branca, magra, cabelos lisos e escuros até os ombros, com um vestido preto até os joelhos e bem maquiada) abre bruscamente a porta de uma sala de reuniões com dezesseis executivos de terno. Estes ignoram a sua presença. Eis que um deles lhe chama:

- Mocinha, traz um café por favor? Ah, e o adoçante?!

-Café é o caralho, seu velho escroto! Bernardo, seu filho da puta, você comeu a ascensorista?!

Todos à mesa arregalam os olhos e se calam. Bernardo levanta jogando sua cadeira para trás e dá uma tapa na cara de Fernanda.

-Seu viado! Eu vou fuder você!

Fernanda sai furiosa da sala. Seus sapatos altos e pretos, com solado vermelho, percorrem rapidamente um corredor. Os sapatos de Bernardo se aproximam dos de Fernanda. Ouve-se um ruído de um grito abafado. Bernardo tapa a boca de Fernanda e sarra seu corpo no dela. Ela começa a sorrir e seu corpo se vira contra o dele. Se beijam voluptuosamente.

-Sua safada. Você gostou, né? Quer mais uns tapinhas nessa cara?

(...)

roteiro pornô. Filme: "Lua em escorpião".

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