quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mc Fish.





Não sei se era o amanhecer ou o entardecer naquela praia em que vivi muitos dias que não sabia felizes. No céu algumas nuvens e aquele tom alaranjado típico de quando se faz o trânsito para um novo encontro, seja com o dia ou com a noite. Meus pés na espuma e nos meu olhos a visão de espessas e calmas marolas que revelavam enormes e gordos peixes escuros. O escorregar das ondas na areia revelava um cardume que deixava a água e se punha a me seguir lentamente. Porém, um em especial, o primeiro deles, fazia movimentos de borbulha como se quisesse falar comigo. Eu sentia um medo, que embora não muito grande, me fez retornar ao segundo andar do pequeno edifício donde eu havia vindo. Subi as escadas e bati a porta. Mas lá veio o peixe, que caminhava flutuando, atrás de mim. Em seu levitar ele me fitava e eu não entendia o que poderia um peixe daqueles querer me dizer. Tentava me esquivar e era em vão. Chegaram todos os outros peixes. Todos gordos e com aquela tagarelice muda. Encontrei um cão pastor. Ele se espreguiçava e tinha um ar calmo e bonachão. Foi ele quem fez os peixes voltarem para o mar. Mas aquele primeiro peixão ia embora, no sentido do mar, virando sua cabeça para mim, com seus olhos vidrados. Ele queria dizer e eu não podia entender. Também voltei à praia. Sobre a areia úmida encontrei meu amigo de infância. E além dele, lá estavam sua mãe e irmã. Recostei minha cabeça em seu peito e ouvi daquela matrona que aquele gesto paternal muito nos faltava. Mas eu desisti de esperar o suprir. E quanto aquele peixe, parecia ainda querer falar comigo. Seus olhos me diziam para eu insistir. Só não sabia em quê. Eu continuei confortado naquele abraço. O sol dourado brilhava o céu. Os peixes foram desaparecendo e somente aquele olhou para trás. Fechei meus olhos.

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