sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

fragmentos de insônia.





ontem, para ser bem preciso, eu decidi destilar meu amargor em relação a utopia. Pensei ser ela um veneno. Por sorte, talvez, uma viagem me foi proporcionada através das ondas televisivas. Fui a Toscana e creio não se fazer necessário maiores explicações. O fato é que vislumbrei uma sociedade que de utopia se construiu. E ela deu certo...

... sinto-me, há muito, perdido fora do tempo que vejo ali da janela ou nas horas em que dou minhas passadas pelo afora. Fora de órbita. São tantos os tempos que vagam nos infindos espaços...

... passei o final da tarde assistindo alguns programas de TV. Ultimamente tenho me sentido fora do meu tempo, reitero. Do tempo do meu espaço que não é o meu. Meu fuso horário não está de acordo com meus arredores. Com isso padeço de uma inadequação impregnada e que me afeta tanto...

... já tentei me explicar e sempre que isso acontece a solidão aumenta. Essa solidão é do tamanho da distância de mim e do meu tempo toscano. Está bem.

dolorido. Gostaria de estar em outro momento, tempo e espaço. Lugar qualquer em que me sentisse em paz. Mais inteiro. Em algum lugar que vibrasse comigo. Em algum espaço em que eu pudesse ser aquilo que desejo. Em algum lugar dentro de mim. Não mais algo sem valia. O cotidiano me massacra de tédio. Me atola em incertezas e medos e vazio. Sou prisioneiro do meu desencontro comigo em um tempo que não é o meu. Em um espaço que não é o meu. Ou que foi meu. Ou que era nosso.

queria discorrer criatividade e leveza. Queria algum dinamismo hábil...

...troveja a insatisfação. Venta a angústia. Chove a lágrima. Sentido deve haver. Persisto em encontrar. Em escritos imprecisos insisto em demandar algum acalento que venha lá de fora. Que seja de algum extra terrestre antropólogo que compreenda minha humanidade.

...e a Adélia Prado? Uma poesia aquela mulher. Agradeço a ela por ter iluminado o chegar da minha noite. Como é bom tudo o que vem sem se pedir. Como água, como o pão. Como você (quando) está aqui.

...então brota a Bethânia cantando: "quem ama é sonhador. Quando você não está aqui é sempre noite sem luar. Sem fim." É tão difícil entender? Mais fácil é virar para o lado e dormir. Que inveja por não falar essa língua. Aí eu fico sonhando em te rever. "E para que negar que estou longe de mim? Para que buscar palavra para a razão? Se insisto em te querer..." Ainda quero tanto a luz dos nossos encontros. A luz dos meus encontros. E é de seguir que se faz o caminho. Penso que ando sozinho, quando mais preciso das suas mãos. Logo hoje a lua me encontrou antes d´eu me encontrar com nós dois. Você. Eu só tenho um amor. E as estrelas se apagaram...

para que dizer? Só sonho em te rever. Para que ser sonhador? Para poder amar assim. Fui a luz da estrela guia para poder te iluminar. Mas minha cidade escureceu. Desaguei na tempestade do meu pranto. Faltou energia. Não podia imaginar. Que o meu acreditar é um delírio ou devaneio e que às vezes o sol não quer o dia e nesses dias o cinza dá o tom...

anseio o amanhecer. Tudo o que mais queria nesse instante. Morro de saudades e não posso delas viver. Sua ausência se faz maior. A imagem traduz o suave sabor do caminho quando você está aqui. Quem ama é sonhador. Quando você não está aqui é noite sem luar. Voltemos ao ninho. A imagem é tão doce quanto o respirar do sonhador. Sonhador é sofredor. Para que? Pois quem ama é mesmo assim. Insisto em te querer.

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